quinta-feira, 9 de julho de 2009

SHIVA NATARAJA

Shiva possui 8 formas; cada região e cada dinastia tem a sua representação favorita, porém a imagem que prevalece apresenta Shiva como Nataraja, o deus da dança.
Shiva Nataraja tem tido numerosas intepretções nos bronzes da Dinastia Chola (século 12).
Nataraja, deus da dança, daquela dança pela qual o Universo se renova, é o eterno dançarino. O Universo é sua dança, feito ritmo e movimento.
Shiva é ambos: destruidor e criador. Sua tripla função pode ser vista na colossal escultura da Ilha de Elephanta (ao sul de Bombaim). Cada uma das suas três faces representa um de seus aspectos; no centro, o Criador; à esquerda, Shiva o Destruidor de Bhairava e à direita a energia feminina da Divindade.
Nataraja em dança TANDAVA (uma dança do sul da Índia) com movimento giratório de todo o seu corpo. Os pés de Shiva dançam na terra, porém colocam-se em contato com o Céu quando Shiva toma postura de "lalatalika". Um de seus pés está esmagando o anão Apasmara, símbolo da ignorância, enquanto o outro está levantado em direção ao espaço infinito.
O mudra de suas mãos conduz o constante fluido do Universo. Sua mão direita superior está segurando um tambor de vidro cujas vibrações emitem o som da criação e guardam a medida do tempo, que nunca pára. De acordo com J. Varenne, Shiva dirigirá a desintegração do mundo quando o fim for oportuno.
Sua mão esquerda superior está levantando uma língua de fogo - o fogo abrasador e destruidor. Assim, esses dois braços superiores já expressam o equilíbrio entre a criação e a destruição; a roda da constante transformação que é a base de toda filosofia Hindú. Nada começa ou termina, porém tudo é um constante evoluir e fluir.
Uma 3º mão levanta-se em vyakshinamudra (ensinando o completo silêncio e contemplação). Ela indica a necessidade de olharmos para a nossa verdadeira natureza, para a Felicidade e Plenitude, dentro de nós mesmos.
Esta mão está à direita do lado solar, o lado de Píngala. A escolha dessa mão pode ser entendida como ênfse a Prathyahara, assim referindo-nos ao 5º degrau ensinado por Patanjale. Entretanto, sua 4º mão está apontando para o pé levantado, aquele que está voltado para o céu. Na linguagem da dança indiana, vista descansará; e onde a visão descansar, o espírito descansará.
Nataraja tem no alto da cabeça, os cabelos arumados de forma fálica, expressando seu poder criativo; uma meia lua aparece no alto. A lua é um símbolo da energia feminina, simbolizando também imaginação, criatividade e o profundo controle do subconsciente. Seu cabelo está flutuando no ar; emergindo de uma das mechas, está Parvati, a princesa da montanha, a filha dos Himalaias e "shakti" (energia) de Shiva.
Línguas de fogo cercam-no; novamente uma grande Mandala. Por toda a História, Mandala tem sido símbolo universal de integração, harmonia e transformação; ela vai além da oposição para expressar o conjunto. Cada chama pode significar a energia expandida, envolvendo todos os seres do Universo, mas também pode se referir ao fogo que queima as impurezas, o fogo destruidor da ignorância.
Através da dança, Nataraja rasga o véu do irreal, de "maya", ilusório, e através de seu gesto expressa o poder da "TRIMURTI" criação - evolução - destruição, um dos principais fundamentos do Hinduismo.
(Montse Barange - IYTA Espanha;Tradução N. Tírico).

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